sexta-feira, 17 de julho de 2009

Quem disse que não pode cortar a cabeça




Hoje ao meio dia fui em casa e a Gabi tava em pânico. A Sofia tentava convencê-la de mais uma vez adiar o dia da aplicação da vacina, E a Sofia sempre consegue convencer a Gabi de tudo, é impressionante.
Só que a Gripe A anda por ai, e nós soubemos que se tu tens a vacina para a gripe normal, mesmo que contrai a Gripe A, o vírus não é tão danoso. E quem conhece a história da Sofia, sabe que ela não pode ter nenhum tipo de gripe, pneumonia então...
Mas voltando ao meio dia:
Ao chegar em casa com tudo já combinado para a vacina da tarde, a surpresa é que a pequena esperta já tinha convencido a mãe dela de não ir mais. E sabe qual era o argumento?
Mamãe, o “pic” dói muito....
Ai eu entrei, e tentei convencê-la que era pra o bem dela, que não ia doer, e que depois nós iríamos no Mc Donald´s.
Mas naquela hora, até o Mc não interessava mais.
Enquanto eu discursava, uma vozinha repetidamente clamava: Pic dói papaizinho, Pic dói papaizinho, pic dói ....
Pensei, se não for agora não vai ser nunca, e vamos falar de adulto pra adulto. Criança não tem que querer...
Mas confesso que doía em mim.
Puxei ela meio aos tranco para o carro e a Gabi me seguindo e me chamando de bruto, e ela usando todo o seu charme para convencer a Gabi de fazer eu mudar de opinião. Mas eu precisava ser irredutível. Afinal não era só a da gripe, era uma pra meningite, uma destas meningo...um tal de gocócos qualquer..
O choro foi de casa até a galeria Antunes Maciel, no centro de Pelotas. Ali fica a Protege, onde fizemos todas as vacinas, e onde todos já nos conhecem.
Ao chegar ali, o rostinho de malandrinha dela começou a ser trocada por uma carinha de pavor. Entramos em uma salinha, e quando fui tirar o casaquinho floriadinho dela, ela sentiu que não teria jeito e começou a chorar muito. Quando tirei a blusinha cor de rosa, as lágrimas já derramavam naquele rostinho lindo. Olhei para o lado e a Gabi também chorava muito. Me senti um monstro, pensei..Que merda, porque que temos que fazer isto, mas agora não dava mais pra parar.
Quando a moça veio com a seringuinha e eu segurei as duas mãozinhas dela, e ela me pedia ajuda, meu coração ficou apertado, e o dela tão pequenininho batia igual a um motorzinho de barco. Mas ainda tinha a segunda e ela mesmo chorando foi valente.
Foi quando eu disse pra moça: Faz uma em mim agora, quando ela me perguntou. Mas qual? eu disse.
qualquer uma, pode ser uma pra gripe.
Foi assim que reconquistei a confiança dela. Pedi para ela segurar a minha mão e ela segurou. A minha pequena ainda disse. “Segura firme papai”.
A mamãe também fez uma da gripe, a família saiu dali toda vacinada e unida como sempre. Saímos dali e ela lembrou que tínhamos prometido de levar ela no Mc, e promessa é pra ser cumprida.
Ela queria andar no "TUBA". É assim que ela chama o escorregador do Mc.
Quando ela saiu na boca do escorregador, eu tava esperando ela com a máquina fotográfica, foi quando ela me deu um sorriso e um pulo. Na hora apareceu a alegria no corpo dela, pois não deu tempo de enquadrar e eu tirei a cabeça dela da foto. Quando ela me disse:
- Papai, eu sou muito feliz!
Quase chorei, depois tirei outras fotos dela, com aquele rosto lindo, mas na realidade quem disse que precisa aparecer a cabeça pra que mostre que uma pessoa esteja feliz.


3 comentários:

  1. Nooosa!
    Cheguei a sentir a dor com Sofia e Gabi lendo o relato da função da vacina. Ainda bem que papai Nauro não nos dá mole!
    Esse é o meu compadre!
    Abç da dindi.

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  2. Lindo esse texto... Me vi tanto nele...
    É que como sou paiemãe da minha Sofia, enho que encarar esses momentos e até parecer cruel quando o coração está apertado, doendo muito...
    Não tem outro jeito né? Importante é sabermos que precisamos fazer certas coisas, mesmo as mais doloridas, e seguir em frente sabendo que a felicidade delas não será menor por causa das picadas...
    Beijos ao trio!

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  3. Ai Jesuisinho, que aperto no coração!
    Lindo Nauro.

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